Se alguém me perguntar o que é a ayahuasca, eu digo que não sei.
Alguém sabe, de fato, explicar o que é a ayahuasca?
“Um chá que é o produto da decocção do cipó Banisteriopsis caapi e da folha Psychotria viridis.”
Isso explica o que é a ayahuasca?
Se ainda continuarmos a falar das suas propriedades químicas e das suas reações no nosso organismo, isso seria, ainda, o suficiente para entendermos o que é a ayahuasca?
Se ainda perguntássemos aos mais doutos o que é a ayahuasca, eles não conseguiriam responder o que ela é.
A ayahuasca está dentro do domínio da nossa linguagem?
Qual é a linguagem que permeia isso que é a ayahuasca?
Uma linguagem espiritual?
Se é espiritual, será que damos conta de traduções para o que é espiritual?
Eu sei que o seu terreno é o terreno do místico (mysτιkός, em grego, mudo).
O místico é aquilo sobre o qual não existe palavra.
Em contrapartida, podemos senti-lo, de alguma forma.
Então, eu lembro das palavras de Clarice Lispector:
“Não se preocupe em entender,
Viver ultrapassa todo entendimento.(...)
Mergulhe no que você não conhece
Como eu mergulhei”.
No entanto, se tivéssemos a possibilidade de nos encontrarmos com o mestre Irineu e perguntássemos:
- Então mestre, o que é a ayahuasca?
É muito possível que ele, dentro da sua simplicidade, seria o que mais se aproximaria de uma resposta sobre o que ela é.
Porque a linguagem da ayahuasca é uma linguagem do sentimento, do amor, - outro mistério.
O trabalho de abertura do Sagrado CORAÇÃO da África tem como tema central a ayahuasca, mas está menos ligado com as questões relativas ao conhecimento sobre o que é a ayahuasca e mais com os sentimentos que a envolvem, com aquilo que está relacionado ao nosso coração.
O coração é a ponte para o sagrado. É a ponte que nos conduz para a vivência do sagrado.
A África é o símbolo de um retorno para o sagrado que existe em nós, pois a África é a nossa mãe. Quando, pois, estamos mais perto daquilo que nos ama completamente? Quando estamos dentro do ventre da nossa mãe. É preciso voltar ao contato com o sentimento materno para revivenciarmos o amor. A mãe é o nosso mais próximo e mais vivo símbolo do amor.
Eu vos convido a vivenciar esse mistério. Mistério envolto dessa feminilidade.
A ayahuasca será o instrumento para ativarmos o nosso coração para estabelecermos essa conexão entre o Sagrado e a África, entre o Sagrado e o materno.
Eu vos convido a mergulharem nesse desconhecido em que o que menos importa é o conhecimento e o que mais importa é o sentimento. Lembrando o apóstolo Paulo que nos diz:
“Ainda que eu fale a língua dos homens e dos anjos,
Se não tiver amor (...)” eu nunca saberei o que é a ayahuasca, eu nunca saberei o que é o Sagrado.
“Ainda que eu tenha fé de transportar montanhas, se não tiver amor (...)” eu nunca saberei o que é a ayahuasca, eu nunca saberei o que é o sagrado.
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