domingo, 26 de abril de 2015

DAIME, UMA VIAGEM E ENCONTROS!‏

Não conheço o Santo Daime, não tomei o chá e nunca participei do ritual. Algumas clientes tomaram e me falaram algo sobre o que sentiram. Ouvia e aceitava, porque respeito a iniciativa delas.
            Eu digo sempre que você deve se responsabilizar pelas buscas e ter consciência de que onde estiver, estará se comprometendo com o que se realiza ali. E incentivo que investigar pode ser uma boa aventura. Roberto Crema afirma que "náufrago é aquele que teme mergulhar!"
            Talita veio à minha sala, querendo apoio para seu filho Théo, ele chorava muito, levando-a ao desespero. Abri um processo e revelei para ela algumas informações e facilitei atitudes que deram a ela segurança e paz. Com dois atendimentos, o filho voltou ao normal.
            No entanto, ela ficou curiosa, com algumas sinalizações que fiz e decidiu, sem pedir minha opinião, ir numa cerimônia do Santo Daime experimentar o chá.
            Depois me trouxe este depoimento. Pedi que escrevesse, para que pudéssemos refletir e colocar sua experiência disponível para todos.
            Diz ela, "logo que cheguei ao espaço, estava muito feliz de estar lá. O trabalho começou devagar, a força veio vindo lentamente. Senti inicialmente muita alegria e muito amor. Passei por uma esfera de forte gratidão".
            Suas palavras demonstram que o ambiente e o grupo estão numa frequência vibracional expressiva e boa.
            Eu me recordo que na Penitenciária do Estado, quando realizei lá atividades espirituais de apoio e estudos espíritas, sentia um ambiente energético muito bom, semelhante e às vezes até melhor do que percebia em alguns templos religiosos, centros espiritas etc.
            "Sentia a presença de todas as pessoas vibrando por nós e percebia a presença da Dyvia, da Paula (muito forte! Muito linda, bem clara e sorridente), da Cíntia, do Wilson, da Mayi e da Fabi, como que coordenando também o trabalho".
            Eu gosto disso, dessa sensação de amizade, alegria e compartilhação nos grupos de atividades espirituais. Conforta e dá segurança. Acho estranho, lugares que exigem silêncio, com placas de que o silêncio é uma prece.
            "Foi tudo muito leve e gostoso. O que eu via e sentia foi sempre na perspectiva de observadora, ainda com muito amor e leveza. E o Daime, era doce e suave".
            Essa informação de ter ficado como observadora é importante. Demonstra que ela não foi dominada por forças invasivas, seu espaço/consciência foi respeitado.
            Em Alfenas - MG estive com um parapsicólogo, ele fazia regressão a vidas passadas (única vez que permiti isso comigo). Ele era acompanhado por um sensitivo bem jovem e o rapaz é que mergulhava em meu passado, trazendo informações que foram úteis para minha vida. Meu espaço e consciência foram plenamente respeitados.
            "Na segunda dose, diz a mãe do Théo, entrei mais fundo, tive vários insights e várias imagens. Algumas já se perderam.
            Senti meu espírito mais puro, suave e delicado e pude observar as armaduras e armas que recebi para essa vida, dentre elas a minha dureza, minha dedicação ao trabalho, minha persistência, minha obstinação. Eram essas, as armas que escolhi para cumprir a minha missão nessa vida. Mas vi que não sou isso. Me sentia muito suave e delicada, até frágil, meu jeito de ser não foi corrompido".
            Curiosa, impressionante e esclarecedora essa percepção dela. Ela se vê recebendo ferramentas que poderá utilizar na vida. E me falava sempre, nos atendimentos, de um impulso para o trabalho que não representava com fidelidade, a sua vontade de alma.
            Honore Balzak atraves da psicografia de Waldo Vieira transmitiu o livro "Cristo Espera por Ti". O autor/Espírito informa que há no mundo espiritual uma Psicoteca, onde os candidatos ao retorno a vida física podem visitar para assimilar por projeções ideoplásticas as imagens e a vida de grandes personagens que viveram no Planeta Terra. E saem de lá impregnados da força, inteligência e amorosidade deles.
            Pelo que se vê, a Talita "recebeu" em seu corpo astral/alma essas energias. No entanto, ela diz: Mas vi que não sou isso. Me sinto muito suave e delicada, até frágil. Esta sou eu! Tomei outras doses e fui entrando mais e mais. Em algum momento eu me ouvi dizendo "a doença levou meu filho", senti que estava em outro plano, em outra vida e percebi que tinha perdido o Théo um pouco maior do que ele é hoje.
Era um sofrimento sem tamanho. Um sofrimento tão grande que transbordou para essa vida. Fiquei muito tempo (naquela vida e depois) imersa nesse sofrimento, nesse umbral, sem fé e me sentindo vítima e culpada".
            Com essa experiência, ela me diz que agora entende porque sente ainda esse sofrimento com ele, porque não aguenta vê-lo chorar, porque não consegue conceber a ideia dele sofrer ou ter dor.
            Adquiriu a compreensão do porquê desse processo dele de encarnar agora. Sentiu a impotência da outra vida, e vê a razão da sua incapacidade perante a maternidade e em assumir essa função.
            Meu coração se fechou no passado, diz ela. Mas senti tudo isso muito leve e à distância. Percebi a alegria de ter a oportunidade que tanto pedi de receber ele de novo e de fazer diferente.
            Eu vim forte e ele veio forte. Mãe e filho viemos para fazer acontecer dessa vez. Senti que toda a minha trajetória de vida, de ter meus sucessos, minha vida estabilizada, o Heitor ao meu lado como alicerce para recebê-lo e ser diferente dessa vez.
            "Também senti que temos que nos amar e construir uma vida juntos, mas sem ser únicos para nós mesmos". Que visão extraordinária, essa. É a essência do amar/amar-se, que não sufoca, nem algema.
 
            "Eu ter meu trabalho e minha carreira faz parte da minha missão e vamos construir nossa vida juntos, mas com autonomia. Isso será um desafio". É realmente um grande desafio, viver junto, misturando metas e caminhos, sem perder sua identidade e nem desfazer os direitos do parceiro.
            "Senti que me foi revelado somente o necessário para eu entender o que está acontecendo e seguir adiante, com fé e gratidão por essa nova chance".
            Esta informação é importante. O processo do Daime revelou exatamente o que ela precisava saber! Nada de curiosidade. Era a busca sincera de uma alma aflita. E a resposta de Deus, pelo Daime, veio clara e justa!
            "Minhas noites e sonhos estão revigorantes nesses últimos dias. Cheios de alegria e música. Me encontro com a Mayi, rimos e dançamos. O Théo ainda está processando, sinto que ele também está mexido. Ele teve diarreia sexta e sábado. Estamos conversando bastante sobre tudo isso. Ainda sinto que o trabalho está se encerrando e preciso me lembrar de ter fé e estar ligada para cumprir essa missão, sentindo novamente todo o amor e gratidão!
            Também é importante manter a conexão para continuar o trabalho de cura para mim e para o Théo, com toda a rede de apoio que temos. Me senti muito abençoada por ver todos os amigos que estão nos ajudando!".
            Como se vê, o processo causou uma cura expressiva. Claro, ela vai ter as dificuldades naturais da vida, como mãe, esposa e mulher. As informações e percepções, no entanto, serão sempre sinalizações importantes para que ela viva com discernimento, coragem e alegria no coração.
 
O que importa é como você caminha! Diz Catarina de Siena: O caminho é o céu!
 
POR: WILSON FRANCISCO  -  site: somosstum

-- contribuição de jorge luiz Barbosa (jlobarbosa@gmail.com)

segunda-feira, 20 de abril de 2015

O CHÁ AYAHUASCA É UM DOS TANTOS CAMINHOS ENTREGUE AO HOMEM PARA O AUTO CONHECIMENTO‏ - Adaptado (Releitura) do texto budista "Desfazendo Equívocos"

Somos Livres? O que é Liberdade do Espírito?

O texto abaixo nos elucida sobre a Verdadeira Liberdade do Espírito.

Liberdade do Espírito


"É preciso aprender que não adianta só ter o conhecimento da importância de uma mudança de padrão de comportamento, uma mudança interna que será capaz de libertar os sentimentos, pensamentos e ações que nos traz aprendizados, por muitas vezes, desnecessários. 

É necessário ir além e, para isso, é importante querer. 
Querer agir para superar as limitações. Querer ser um ser humano melhor. Querer sair da inércia que nos mantém conectados com os nossos sentimentos pequenos e também com toda a negatividade que trazemos do passado, por vezes expressa em situações recorrentes. Para que possamos ter a oportunidade de compreender o porquê de determinada situação e nos libertar é preciso querer. 

É importante querer também admitirmos quais são os nossos pontos fracos, nossos defeitos e, cada dia mais, nos empenharmos em mudar e crescer internamente. 
Em algumas ocasiões, a evolução do Ser nos traz situações difíceis e dolorosas, mas que podem traduzir-se em grandes aprendizados e oportunidades de superação. 

A grande mudança está em identificar quais são os comportamentos e sentimentos negativos que atraem essas dificuldades para a nossa vida e, com isso, querer tomar uma atitude e mudar. 
Devemos estar em alerta constante para a negatividade, tanto interna, quanto ao redor, mas ter força para não permitir que essa negatividade interfira ao ponto de fazer parte da nossa vida. 
Essa escolha está dentro de cada um de nós. Somos nós que escolhemos e permitimos se a negatividade irá ou não nos afetar. 
Devemos aprender a não julgar, aprender a não culpar, a não ter orgulho, a não criticar, a não interferir na vida dos outros e a não ofender. Estes são alguns meios que temos para nos fortalecermos internamente e impedir que a negatividade alheia atinja a nossa vida. 

O vitimismo, a cobrança e a chantagem emocional são sentimentos que mostram o quanto o Ser precisa evoluir, pois são estes sentimentos que demonstram o quanto a pessoa não assume a sua própria força, o seu devido valor, e o quanto precisa alimentar-se deles para conseguir viver, tendo que sempre chamar a atenção para si, colocando-se na posição de vítima, ao invés de querer se libertar e crescer. 

E esta a mudança que é tão necessária nos dias de hoje e que irá proporcionar a liberdade ao ser humano. 
É a grande oportunidade de nos libertarmos de cordões energéticos negativos, que por tanto tempo pesam em nossa alma nos entristecem e nos adoecem. 
A liberdade de conquistar o crescimento interno passa necessariamente por essa mudança que, em síntese, é a oportunidade que temos de alcançar a Liberdade do Espírito." Fonte: Site Somos Todos Um.


---------------------------------------------------------------------------------------------------------------



Adaptado (Releitura) do texto budista "Desfazendo Equívocos"  da Reverenda Yvonette Silva Gonçalves


Se você quer milagres, não procure o Daime. O supremo milagre para o Daime é você lavar seu prato depois de comer.
Se você quer apenas curar seu corpo físico, não procure o Daime. Primeiro, ele irá curar os males de sua mente: ignorância, cólera e desejos desenfreados.
Se você quiser arranjar emprego ou melhorar sua situação financeira, não procure o Daime. Você se decepcionará, pois ele vai lhe falar sobre desapego em relação aos bens materiais. Não confunda, porém, desapego com renúncia.
Se você quer poderes sobrenaturais, não procure o Daime. Para o Daime, o maior poder sobrenatural é o triunfo sobre o seu  egoísmo.
Se você quer triunfar sobre seus inimigos, não procure o Daime. Para o Daime, o único triunfo que conta é o do ser humano sobre si mesmo.
Se você quer a vida eterna em um paraíso de delícias, não procure o Daime, pois ele matará seu ego aqui e agora.
Se você quer massagear seu ego com poder, fama, elogios e outras vantagens, não procure o Daime. A casa da Rainha não é a casa da inflação dos egos.
Se você quer alguém que perdoe suas falhas, deixando-o livre para errar de novo, não procure o Daime, pois ele lhe ensinará a implacável Lei de Causa e Efeito e a necessidade de uma autocrítica consciente e profunda.
Se você quer respostas cômodas e fáceis para suas indagações existenciais, não procure o Daime. Ele aumentará suas perguntas.
Se você quer uma crença cega, não procure o Daime. Ele o ensinará a pensar com sua própria cabeça.
Se você é dos que acham que a verdade está nas escrituras, não procure o Daime. Ele lhe dirá que o intelecto é incapaz de dar algumas respostas.
Se você quer saber a verdade sobre os discos voadores ou sobre a civilização de Atlântida, não procure o Daime. Ele só revelará a verdade sobre você mesmo.
Se você quer apenas se comunicar com espíritos, não procure o Daime. Ele vai ensinar você a se comunicar com seu verdadeiro eu.
Se você quer apenas conhecer suas encarnações passadas, não procure o Daime. Ele vai lhe mostrar sua miséria presente.
Se você quer conhecer o futuro, não procure o Daime. Ele vai lhe mandar prestar atenção a seus pés, enquanto você anda.
Se você quer ouvir palavras bonitas, não procure o Daime. Ele só tem o silêncio a lhe oferecer.
Se você quer ser sério e disciplinado, não procure o Daime. Ele vai ensiná-lo a brincar e a se divertir.
Se você quer brincar e se divertir, não procure o Daime. Ele o ensinará a ser sério e disciplinado.
Se você quer viver, não procure o Daime, pois ele o ensinará a morrer.
Morrer e renascer todos os dias.








 

quarta-feira, 15 de abril de 2015

ENTREVISTA COM JULIO DA MATA SOBRE A FUNÇÃO DE SER UM DIRIGENTE DE TRABALHO COM DAIME‏


Entrevista com Julio da Mata (JM).

O Repórter (RP) indaga:

RP: De onde se origina seu nome Julio da Mata?
JM: - Nasci Julio e me tornei da Mata quando passei a morar nela.
Julio é da Mata mas a mata não é de Julio. É de Jura!

RP: E quem é você?
JM: - Eu não sei por que ainda não me conheço. Mas tenho um protótipo de mim mesmo em mim. Tenho 62 anos, 22 anos de Santo Daime e 45 anos de Kardecismo. Ambos me doutrinam para ser uma pessoa melhor. Dirigimos a Casa de Maria Damião há 17 anos e teríamos muitas histórias para contar.

RP: Que tipo de histórias?
JM: - De pioneirismo, luta, desafios, ilusões, desilusões, ganhos, perdas, sorrisos, lágrimas, amores, desamores, uniões e desuniões.

RP: Nos contaria algumas delas?
JM:- Oportunamente. Por conterem aprendizados detalhados, deixaremos para outra ocasião.

RP: Por tudo isto você se acha assim tão especial?
JM: - Sou único e especial. Não há ninguém semelhante a mim em minhas imperfeições.

RP: Você sabe o que veio fazer aqui na Terra?
JM: - Eu não! Mas o Mestre sabe e eu vou sabendo a medida que possa entender. Creio que o Mestre age como um bom trabalhador que vai dando carga ao burro conforme ele pode carregar.

RP: Você já se arrependeu de ser um dirigente?
JM: - Muitas vezes. Mas somos dirigentes não porque queremos, mas porque precisamos. Não obedecemos a um querer, mas sim a um comando de dever.

RP: Ser um dirigente o fez mudar muito como pessoa?
JM: - Muito! Muito pouco! Bem menos do que gostaria e muito mais do que esperava.

RP: O que de melhor você teria para citar?
JM: - Não há um caso em especial. Todos os bons momentos são especiais e acabam por se unirem ao mar de nossas boas recordações pessoais. Já as más recordações, estas são distintas porque representam mudanças de roteiro.

RP: As más recordações não são aprendizados?
JM: - Sim! Mas nem por isso são fáceis de serem ultrapassadas. Como diria a “Chiquinha”: - Estamos no relho não temos que reclamar...

RP: O que mais o incomoda neste tempo de direção?
JM: - É a nossa tolice humana. Percebemos que muitas pessoas que se acercam do Daime têm dificuldade de traçar seus limites pessoais e de reconhecer autoridades.

E projetam estas dificuldades como projéteis cujos alvos são eles mesmos representados em seus dirigentes. Em todas as discordâncias pertinazes e intensas estará aí disfarçada uma guerra de poder.

E esta atitude é tola porque se existem pessoas que não têm o poder são justamente os dirigentes. O que os dirigentes têm em demasia, são dívidas espirituais e responsabilidades.

RP: Então quem detém o poder?
JM: - O poder pertence, está e nunca deixou de ser do próprio poder. Então como poderemos nos opor ao poder que tudo pode?

Mas se há dirigidos que ambicionam o pressuposto poder dos dirigentes, há dirigentes que querem o poder para subjugar seus dirigidos.

Os dirigentes apoderados geralmente desejam quantidade em detrimento da qualidade. Acreditam que ter mais dirigidos confirmam sua eficácia como dirigentes. O que não percebem são os que se emaranham numa teia de comprometimento cármico dificilmente rompível em uma só encarnação.

RP: Como identificar um bom dirigente?
JM: - Pela clareza de suas ações e pelo quanto ele é um bom comandado. Principalmente de seu Comandante em chefe, seu Mestre.

RP: O que é ser um dirigente em uma sessão?
JM: - É canalizar a força do Mestre, que dependendo da necessidade do dirigente ou do grupo, pode beirar o limite do humanamente suportável.

É canalizar as energias de baixo teor que necessitam ser transmutadas em uma sessão, seja dele, de alguém, do grupo ou da própria reunião como um todo.

É suportar pressões cotidianas de enfrentamentos espirituais entre e durante os trabalhos que seus dirigidos sequer suspeitam.

RP: Qual a função de um dirigente?
JM: - É ser um zelador do Daime em todas as suas possibilidades, inclusive pela sua respeitabilidade. É como ter um cargo de confiança de seu Mestre junto a um grupo de pessoas que deveriam ajudá-lo em sua falibilidade e amá-lo em seus acertos. Este grupo sintetiza e reforça o perfil espiritual do dirigente e vice versa. Não é um título, é uma função executiva que existe enquanto houver dirigidos em um lugar consagrado a reuniões.

RP: Quem lhe ensinou a ser um dirigente?
JM: - O Mestre. Só Ele. Sempre Ele e os desafios de lidar com nossos irmãos.

RP: Você se acha um bom dirigente?
JM: - Neste aspecto, se eu não sei quem sou, não posso avaliar se sou melhor ou pior. Fazemos o nosso melhor que agrada a uns e desagrada a outros.
E isto não importa, o que importa é agradarmos ao Mestre.

Entendemos que o novo paradigma de direção está se formando em função do progresso espiritual das pessoas promovido pelo próprio Daime. O homem que hoje mira não é o mesmo homem que mirava há cem anos arás.

Os dirigentes que estiverem desatentos a isto estão se matriculando ao ostracismo e ao esquecimento. Poderemos fazer o que quisermos com o que tivermos, mas a marcha da ascensão espiritual é inexorável e não espera por ninguém...

RP: Em outra vida você esperaria ser dirigente novamente?
JM: - Esperamos ter aprendido toda a lição de uma só vez para não termos que repeti-la...

RP: Você já se sentiu enganado?
JM: - Muitas vezes pelos outros e até hoje por mim mesmo. Onde haja o elemento humano haverá o anjo para nascer e as mesmas falhas humanas. Onde se oferece açúcar teremos formigas...

RP: Mas não devemos suportar nossos irmãos? Eles não são a nossa luz?
JM: - Sim. E mais: Não devemos cortar o que pudermos desenlaçar, mas não estamos falando de relacionamentos pessoais. Estamos falando de trabalhos espirituais.

Tanto quanto possível, devemos ajudar mantendo a firmeza sem perder a ternura, mas em alguns momentos temos que nos valer da primeira regra de ouro de uma reunião que determina que “o mais importante para a reunião é a própria reunião”.

É doloroso, mas em alguns casos devemos optar pela harmonia da reunião mesmo que isto custe o afastamento de alguns!

Vivemos entre o que o Mestre nos ensina “... que ele (o irmão) é a minha luz neste mundo de ilusão...” e que o Padrinho nos canta: “... - Eu te dei uma casa que não falta ninguém para tu escolher aqueles que te convêm... ”.

A sabedoria está em caminhar entre um limite e outro, porque a luz também não pode nos cegar!

RP: Com você analisa o estado atual da Doutrina?
JM: - Necessitando de reforma urgente! Da reforma íntima de seus participantes para que ela se reforme automaticamente. Precisamos nos institucionalizar à semelhança de outras linhas mais organizadas do que nós Daimistas.

RP: Você supõe que isto seja possível?
JM: - Será possível quando houver entendimento e pontos comuns visando o interesse único de zelar pela Doutrina. Buscando a perpetuação do Daime observamos a preocupação de se formar feitores e se cultivar as plantas.
Mas de que adiantará tudo isto se não houver Doutrina legalmente organizada para ser perpetuada?

RP: Se você pudesse fazer um pedido ao Mestre, qual seria?
JM: - Não há nada que precise que o Mestre não saiba e que Ele não disponha a nosso favor conforme nosso merecimento. Pediríamos a Ele apenas desculpas.

RP: Do que?
JM: - Do nosso melhor estar longe do esperado pelo Mestre.

RP: Que sementes você acha que está plantando para o futuro?
JM: - A de que vale a pena viver plenamente o presente. Ao semeador basta saber dar conta da semente. A qualidade da flor pertence ao Divino, que é infinito, fantástico e inexprimível.

RP: Você se julga mais sabedor sobre o Daime do que a maioria das pessoas?
JM: - Tudo o que sabemos sobre o Daime nos foi ensinado por ele e por ninguém mais. Acreditamos saber de um tanto de coisas que algumas pessoas ainda não sabem e podemos contribuir com elas dando-lhes o vislumbre do conhecimento.

O Daime nos ensina de todas as maneiras que podemos compreender, inclusive pelas experiencia dos outros. Seria estupidez da minha parte supor que só eu saiba de algumas coisas.

O conhecimento é de todos e para todos. Mas é preciso que alguém reúna os principais conhecimentos de forma lógica para compreendermos o tremendo poder que temos para a nossa evolução.

Contudo, temos convicção de que o que conhecemos é absurdamente insignificante perante o que necessitamos ainda aprender.

E o importante não é o quanto sabemos, mas sim o que podemos fazer de benéfico com o conhecimento que temos.

RP: Algumas pessoas são contrárias aos conhecimentos, alguns inéditos, sobre o Daime que você publicou em seu livro "Mergulho na Luz", alegando que sua fonte não é confiável. O que você diz?
JM: Esta oposição é natural por se tratar do primeiro livro psicografado sobre o Santo Daime em todo o mundo. Mas tenho a dizer para aqueles que assim julgam, que deveriam antes conhecer nosso trabalho para depois fazer uma avaliação porque se conhece a árvore pelos seus frutos.

A fonte do Livro Mergulho na Luz é o próprio Daime e eu não conheço fonte mais confiável. Se alguém souber, que me apresente porque eu gostaria de conhecer também.

No entanto, esta postura contrária é inaceitável por parte de um autêntico Daimista, pois tudo o que está ali escrito pode ser comprovado se ele for um verdadeiro buscador e "tomar o Daime para ver".

Penso estarmos contribuindo com a Doutrina mostrando muito do que ela tem de belo como um catalizador evolutivo na Linha do Autoconhecimento, nos proporcionando harmonia e cura em todos os níveis.

Quanto a isso, temos apenas uma certeza: De termos feito o nosso melhor,

RP: Já outras dizem ser impossível você ter mais de mil hinos porque mesmo o Astral não teria tanto assim para dizer. O que você acha disso?
JM: - Tamanha é a nossa necessidade que o Astral talvez precise de um oceano de hinos para que façamos uma gota de movimento em prol da nossa espiritualização.

Esta quantidade de hinos nos consagra uma medalha do Daimista mais endividado do mundo porque se eu conseguisse cumprir apenas a metade do que nos ensinam estes hinos, eu já deveria estar iluminado.

Aos que duvidam, aconselho a tomarem o Daime para ver. E ouvir!

Deus é luz e a luz é infinita. Se todo o universo é luz e ele canta, ele é a Luz do Infinito.

Qual é a coisa mais importante que um dirigente nunca deveria se esquecer?
JM: - De que ele está a serviço do Mestre. E sempre se lembrar de seu compromisso com a evolução pelo autoconhecimento. Se esquecer disto, ele não será um dirigente, talvez um mero acompanhante de outros.

RP: E para terminar, quer deixar um alô para os seus irmãos?
JM: - Sim, dizer que somos todos irmãos.

Aos que são muito irmãos: - Alô!

E aos menos irmãos; - Até!...

*****************************
Texto de Julio da Mata
Casa de Maria Damião
Vargem Grande
Rio de Janeiro- Brasil

 

Ayahuasca Icaro ~ "Opening" ~ (Pre Ayahuasca ceremony, 2013)


terça-feira, 14 de abril de 2015

Presos de Rondônia tomam ayahuasca

Santo remédio ... curando o corpo e o espírito, é a mais pura ação do poder da transmutação, LIBERTAÇÃO na terra...
 
Presos brasileiros são tratados com chá alucinógeno


  • Lalo de Almeida/The New York Times
    Presos dançam com religiosos após uso de ayahuasca em Ji-Paraná (RO) Presos dançam com religiosos após uso de ayahuasca em Ji-Paraná (RO)
À medida em que o céu da noite envolvia a cidade na bacia amazônica no Brasil, a cerimônia no templo ao ar livre começava de uma forma bem simples.
Dezenas de adultos e crianças, todos vestidos de branco, ficaram em fila. Um sacerdote entregou a cada um deles uma xícara de ayahuasca, uma bebida alucinógena com aspecto barrento. Eles engoliram; alguns vomitaram. Hinos foram cantados. Mais ayahuasca foi consumida. À meia-noite, os membros da congregação pareciam estranhamente energizados. Então a dança começou.
Estes rituais são comuns por toda a Amazônia, onde a ayahuasca vem sendo consumida há séculos, e religiões inteiras cresceram em torno do preparado psicodélico. Mas a cerimônia foi diferente numa noite deste mês: entre os que bebiam do decanter do sacerdote estavam presidiários, condenados por crimes como assassinato, sequestro e estupro.
"Finalmente estou percebendo que eu estava no caminho errado nesta vida", disse Celmiro de Almeida, 36, que cumpre pena por homicídio em uma prisão a quatro horas dali, por uma estrada que serpenteia pela floresta. "Cada experiência me ajuda a me comunicar com a minha vítima para pedir perdão", disse Almeida, que já tomou ayahuasca quase 20 vezes no templo.
A administração de um alucinógeno para detentos que saem em licenças curtas no meio da floresta tropical reflete uma busca contínua por formas de aliviar a pressão sobre o sistema carcerário brasileiro. A população carcerária do país dobrou desde o começo do século, para mais de 550 mil, sobrecarregando as prisões, já mal financiadas, com violações aos direitos humanos e rebeliões violentas que incluem até decapitações.
Uma das rebeliões mais sangrentas em prisões nas últimas décadas aconteceu na cidade próxima de Porto Velho, em 2002, quando pelo menos 27 detentos foram mortos no presídio Urso Branco. Na mesma época, o Acuda, um grupo pioneiro de luta pelos direitos dos presos em Porto Velho, começou a oferecer aos presos sessões de ioga, meditação e Reiki, um ritual de cura que direciona energia das mãos do praticante para o corpo do paciente.
Dois anos atrás, os terapeutas voluntários do Acuda tiveram uma nova ideia: por que não dar ayahuasca aos detentos também? A bebida amazônica, que geralmente é feita da mistura e fervura de um cipó (Banisteriopsis caapi) com uma folha (Psychotria viridis), está crescendo em popularidade no Brasil, Estados Unidos e outros países.
O Acuda teve problemas para encontrar um lugar onde os presos pudessem beber ayahuasca, mas finalmente foram aceitos por uma ramificação do Santo Daime, uma religião brasileira fundada nos anos 1930 que mistura catolicismo, tradições africanas e os transes de comunicação com espíritos popularizados no século 19 por um francês conhecido como Allan Kardec.
"Muitas pessoas no Brasil acreditam que os presos devem sofrer, suportando a fome e a perversidade", disse Euza Beloti, 40, psicóloga do Acuda. "Esse pensamento reforça um sistema em que os presos voltam à sociedade mais violentos do que quando entraram na prisão." No Acuda, diz ela, "nós simplesmente vemos os presos como seres humanos com a capacidade de mudar".
Beloti e outros terapeutas testam os aspectos dessa filosofia em um prédio dentro de um vasto complexo prisional em Porto Velho. Os juízes e administradores dos presídios permitem que cerca de dez detentos de prisões de segurança máxima da cidade vivam no prédio do Acuda, uma antiga instalação militar. Dezenas de outros presos de penitenciárias vizinhas frequentam as sessões de terapia do Acuda todos os dias.
Dentro do complexo, os internos praticam meditação. Eles fazem massagem ayurvédica uns nos outros. Eles aprendem habilidades como manutenção de motos. A oficina de carpintaria dá a eles acesso a ferramentas como serrotes, martelos e furadeiras. E eles cuidam de uma horta, plantando verduras e legumes e as plantas usadas para fazer ayahuasca.
Tratar presos com drogas psicodélicas em qualquer lugar é visto como algo raro. Em um experimento de curta duração nos Estados Unidos na década de 1960, pesquisadores da Universidade de Harvard, sob a direção do psicólogo Timothy Leary, deram psilocibina, uma droga derivada de cogumelos psicoativos, para detentos em uma prisão em Concord, Massachusetts.
"Certamente é uma novidade para os presos, mas a ayahuasca tem um grande potencial porque, em condições ideais, pode produzir uma experiência transformadora em uma pessoa", diz Charles S. Grob, professor de psiquiatria da Faculdade de Medicina da UCLA, que conduziu pesquisas extensas sobre a ayahuasca.
Grob alertou que há riscos. A bebida pode exacerbar as doenças de pessoas tratadas com medicamentos antipsicóticos para esquizofrenia ou transtorno bipolar. A ingestão de drogas como cocaína ou metanfetamina antes de consumir ayahuasca também é perigosa.
"Isso seria um desastre porque o indivíduo poderia ter uma reação hipertensiva que levaria a um derrame", disse Grob.
Os supervisores do Acuda, que obtêm permissão de um juiz para levar cerca de 15 presos uma vez por mês para a cerimônia no templo, dizem que estão conscientes dos riscos da ayahuasca, comumente chamada de Daime no Brasil ou simplesmente de chá. Ao mesmo tempo, os terapeutas do Acuda consomem a bebida com os internos e, de vez em quando, com o guarda de prisão que se voluntaria para acompanhar o grupo.
"É assim que deve ser", disse Virgílio Siqueira, 55, policial aposentado que trabalha como guarda no complexo prisional que inclui o Acuda. "É gratificante saber que podemos sentar aqui na floresta, beber nosso Daime, cantar nossos hinos, viver em paz."
Muitas pessoas no Brasil, onde políticos conservadores estão ganhando força enquanto prometem combater o crime em um país com mais homicídios por ano do que qualquer outro, ainda não estão convencidas. Terapeutas voluntários do Acuda disseram que têm clientes em seus consultórios particulares que não concordam em dar esse tipo de atenção para os condenados. Alguns parentes de vítimas que sofreram nas mãos dos presos do Acuda argumentam que o projeto é injusto.
"Onde estão as massagens e a terapia para nós?", pergunta Paulo Freitas, 48, gerente de uma fábrica de couro cuja filha de 18 anos, Naiara, uma estudante universitária, foi sequestrada, estuprada e assassinada em Porto Velho em 2013 por um grupo de homens, um crime que deixou muitas pessoas neste canto da Amazônia perplexas.
Freitas disse ter ficado chocado ao saber recentemente que um dos homens condenados pelo assassinato de sua filha deveria ser transferido em breve para os cuidados do Acuda. "Isso é absolutamente revoltante", disse ele. "Os sonhos da minha filha foram extintos por esse homem, mas ele vai ter permissão para ir para a floresta e beber o seu chá."
Outros questionam se o consumo de Daime pode ajudar a reduzir as taxas de retorno à prisão. Luiz Marques, 57, economista que fundou o Acuda, disse que a organização espera reduzir a reincidência, mas ele enfatizou que o objetivo mais imediato é a "expansão da consciência" dos presos em relação ao certo e o errado.
No templo de Ji-Paraná, os presos pareciam experimentar uma série de reações depois de beber a ayahuasca. Sentados em cadeiras de plástico de jardim sob um telhado com telhas à mostra, alguns pareciam impassíveis. Outros pareciam perdidos em contemplação. Um estava constantemente aos prantos, como se demônios estivessem à porta. Todos eles cantavam a plenos pulmões quando o ritmo dos hinos ficava mais intenso.
"Somos considerados o lixo do Brasil, mas este lugar nos aceita", disse Darci Altair Santos da Silva, 43, operário da construção civil que cumpre pena por abuso sexual de uma criança menor de 14 anos. "Eu sei que o que eu fiz foi muito cruel. O chá me ajudou a refletir sobre este fato, sobre a possibilidade de um dia poder encontrar a redenção."
Tradução: Eloise De Vylder
A Ayahuasca é uma bebida alucinógena que faz parte de rituais bastante comuns na Amazônia. Consumida há séculos, a substância marrom envolve crenças, sentimentos intensos e energia. Para alguns, o sentimento despertado pela amarga bebida é o da vontade de ser perdoado. Em Ji-Paraná (RO) dezenas de presidiários participaram de um ritual em que a ayahuasca foi servida, em busca de aliviar a pressão de estar preso.
No norte do Brasil, o sistema carcerário enfrenta condições pra lá de precárias e um volume grande de detentos. A fim de minimizar o sofrimento desses presos, o a Associação Cultural e de Desenvolvimento do Apenado e Egresso, ou Acuda, que luta pelos direitos humanos em presídios de Porto Velho (RO) iniciou a oferta de sessões de ioga, meditação e Reiki dentro da cadeia. Com uma boa recepção por parte dos detentos, o grupo teve a ideia de oferecer a eles também a Ayahuasca, o que se tornou possível em parceria com uma raminifação do Santo Daime. “Muitas pessoas no Brasil acreditam que os presos devem sofrer, suportando a forme e a perversidade. Esse pensamento reforça um sistema em que os presos voltam à sociedade mais violentos do que quando entraram na prisão“, afirma Euza Beloti, psicóloga do grupo Acuda, em entrevista ao New York Times.
Uma vez por mês, 15 presos são liberados para serem levados a uma cerimônia em um tempo, onde a Ayahuasca é administrada, sob supervisão do grupo. A bebida, conhecida por “expandir a consciência”, costuma promover transformações na vida e no modo de pensar desses detentos, que buscam, na experiências, respostas e o perdão por crimes como sequestro, assassinato e estupro. “Finalmente estou percebendo que eu estava no caminho errado nesta vida. Cada experiência me ajuda a me comunicar com a minha vítima para pedir perdão“, contou Celmiro de Almeida, preso por homicídio.
ayahuasca-presos
Foto © Lalo de Almeida/The New York Times
ESPECIAL VIOLENCIA
ayahuasca-presos5
Fotos © Zanone Fraissat/Folhapress
ayahuasca-presos3
ayahuasca-presos4
Fotos © Acuda
A shaman in Ecuador boils ayahuasca leaves.
Foto © Wade Davis
ayahuasca03
ayahuasca05
ayahuasca01
ayahuasca02
Fotos © Daniel Boa Nova
Temple of the Way of the Light
Foto © AFP
Quer entender melhor o que é a ayahuasca e quais são os efeitos dela no corpo? Em uma matéria especial, um dos nossos repórteres provou o chá e contou tudo para a gente em um relato incrível – clique aqui para acessar.

--