sexta-feira, 30 de abril de 2010

Pesquisas testam potencial benefício da ayahuasca contra depressão e dependência

Reportagem no Uol sobre a Ayahuasca.

Segue abaixo o link da mesma

http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ultimas-noticias/2010/04/26/pesquisadores-testam-beneficios-da-ayahuasca-contra-a-depressao.jhtm

Cepa da alma.
Este é o significado etimológico do nome dado à bebida obtida da fervura das plantas Banisteriopsis caapi e Psychotria viridis, a ayahuasca, ou hoasca, também conhecida como chá do Santo Daime. Permitida apenas em cerimônias religiosas, o composto tem sido alvo de pesquisas e pode vir a ser útil para o tratamento da depressão e até da dependência química.

O psiquiatra Jaime Hallak, professor da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) - Ribeirão Preto afirma que, apesar desse grande potencial, o que existe de concreto no momento são estudos preliminares que evidenciam alguns benefícios à saúde. “Os modelos experimentais com animais e os relatos esporádicos com humanos sugerem indicações como antidepressivo e ansiolítico”.

Hallak coordena pesquisas que investigam os princípios ativos da ayahuasca, além dos seus eventuais usos clínicos. Parte desses trabalhos prevê a observação de neuroimagens funcionais para identificar as áreas cerebrais estimuladas pela substância.



“Para pesquisadores em neurociências, a ayahuasca é um instrumento poderoso. Como psiquiatra, entendo que ela é uma rica fonte de estudos, especialmente por sua capacidade de provocar alterações nos estados da consciência”, diz.

“A meta é aprender mais sobre a mecânica biológica que permite ao cérebro criar ou modificar seu funcionamento, dando oportunidade ao surgimento dessas alterações”, acrescenta.

Continua ...

quarta-feira, 21 de abril de 2010

segunda-feira, 19 de abril de 2010

domingo, 11 de abril de 2010

Daime, Gil e Caetano

Resumidamente, em 1969, Mestre Irineu — fundador da linha que se conhece hoje como "Santo Daime" — dá uma garrafa de ayahuasca para um repórter (e ele não costumava fazer isso!). Esse jornalista dá a garrafa para Gilberto Gil (que depois também bebe o chá com Caetano Veloso). Décadas depois, Gil — como ministro da cultura — ajuda no processo para instituir a ayahuasca como patrimônio cultural brasileiro (atualmente em andamento).

Por Juarez Duarte Bomfim

O jornalista Carlos Marques, atualmente consultor da Unesco e residente em Paris, estava com 20 anos de idade quando a direção da revista Manchete decidiu destacá-lo, na companhia de um fotógrafo, para uma reportagem sobre a distante Rio Branco, capital do Acre, no ano de 1969. [1]

Entre os vários entrevistados, Marques conversou com o bispo italiano Giocondo Maria Grotti, que dois anos depois (1971) morreria durante acidente aéreo no município de Sena Madureira.

Ao ser perguntado sobre os problemas que enfrentava na região, o bispo reclamou da Doutrina do Santo Daime, fundada pelo negro maranhense Raimundo Irineu Serra.

Marques decidiu conhecer o Mestre Irineu Serra, que trabalhava no roçado de sua propriedade quando o jornalista foi visitá-lo.

- Aquele encontro foi a experiência mais marcante de minha vida. O mestre Raimundo disse que sabia que eu chegaria e estava me esperando. Disse o meu nome, que eu havia sido libertado recentemente da prisão e que eu tinha uma cicatriz na perna.

Marques contou, ainda, que passou três dias no Alto Santo e tomou Daime, mas não revela detalhes de sua experiência.

- Ele me disse que um dia eu voltaria ao Acre, mas jamais acreditei nessa possibilidade.

Quando se despediu do Mestre Irineu Serra, inusitadamente o mesmo lhe ofereceu uma garrafa de Daime com a recomendação para ele tomar o seu conteúdo com amigos sensíveis. [2]

De volta ao Rio de Janeiro, Carlos Marques entrega a garrafa e o seu conteúdo ao compositor tropicalista Gilberto Gil, a descrevendo como “uma beberagem indígena sagrada que produzia visões deslumbrantes e estados de alma elevadíssimos”. [3]

Naquele mesmo dia Gilberto Gil tomou uma dose da bebida, e logo após foi para o Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, pegar a ponte aérea para São Paulo.

Já no saguão do Aeroporto de Congonhas, São Paulo, onde ocorria a inauguração de uma exposição militar, da FAB - Força Aérea Brasileira - o efeito do Daime começou a se manifestar, e Gil “captara conteúdos indescritíveis na presença dos militares”. [4]

Era época de Ditadura Militar e a classe artística e intelectual brasileira estava sendo duramente perseguida, os próprios artistas baianos Gil e Caetano seriam logo após presos e “convidados” a se retirarem do Brasil.

Sob efeito do Daime Gilberto Gil sentiu glauberianamente “como se tivesse entendido o sentido último do momento de nosso sentido como povo, sob a opressão autoritária”.. . e mesmo sob o medo que então os militares provocavam.. . sentia que podia “amar, acima do temor e de suas convicções ou inclinações políticas, o mundo em suas manifestações todas, inclusive os militares opressores”. [5]

A mensagem crística chegava assim ao coração do artista, apesar de todas as perseguições e temores: “Amai a vossos inimigos”.[6] Era o Daime operando…

Depois dessa experiência solitária no vôo Rio-São Paulo, Gilberto Gil reúne um grupo de amigos no apartamento do compositor Caetano Veloso e propõe que todos fizessem uma “viagem” em conjunto. Seguindo a recomendação do Carlos Marques, Gil serve a cada um dos presentes pouco mais de meio copo.[7]

Conta Caetano: ” a beberagem espessa e amarelada tinha gosto de vômito, mas não me causou náuseas”.[8] A partir daí, a verve inspirada do poeta baiano transmite um interessantíssimo depoimento das visões e percepções do que via e sentia, da vida que percebia nos objetos inanimados, “a história de cada pedaço de matéria” de um prosaico carpete de náilon do seu apartamento, por exemplo…

Ao som do rock progressivo do Pink Floyd, no limite exíguo do vigésimo andar de um edifício paulistano, dá-se o experimento:

“Sandra (mulher de Gil) entrava e saia do quarto do som com os olhos duros e o rosto sério. Ela estava assustada. Eu a achava parecida com um índio. Gil estava com lágrimas nos olhos e falava alguma coisa sobre morrer, ter morrido, não sei. Dedé (mulher de Caetano) circulava pela sala dizendo que se via a si mesma em outro lugar. Eu fiquei muito feliz de observar que as pessoas eram tão nitidamente elas mesmas… Uns pontos de luz coloridos surgiram no espaço ilimitado da escuridão… Formas circulares eram compostas por lindos pontos luminosos dançantes. Aos poucos eu sabia quem era cada um desses pontos luminosos. E em breve eles de fato se mostravam como seres humanos. Eram muitos, de ambos os sexos, todos estavam nus e tinham aspecto de indianos. Essas pessoas dançavam em círculos de desenhos complicados, mas eu não só podia entender todas as sutilezas dessa complicação como tinha tranqüila capacidade de concentração para saber sobre cada uma das pessoas tanto quanto eu sei de mim mesmo ou de meus próximos mais amados”.[9]

É dito que da(s) experiência(s) com o Daime, particularmente experiências pico como esta, de Gilberto Gil (”Gil… falava alguma coisa sobre morrer, ter morrido”..) surgiram belíssimas canções do seu cancioneiro, tal como “Se eu quiser falar com Deus”.

“Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz

Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou

Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar

Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada , nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar “[10]

(Ouçam Se Eu Quiser Falar Com Deus - Elis Regina - Capela Disponível em http://br.youtube.com/watch?v=tWuQc7W0O-A)

Em êxtase Caetano mirava os seus “anjos indianos” nessa “experiência celestial”.

“Eu alternava - com abrir e fechar os olhos - observação do mundo exterior e vivência desse mundo de imagens que se tornava cada vez mais denso… aos poucos eu reconhecia que os seres vistos com os olhos fechados eram indubitavelmente mais reais do que meus amigos presentes no quarto do som ou as paredes desse quarto e os tapetes”.[11]

Com a consciência expandida pela miração, Caetano conhece outra concepção de espaço, diferente da corriqueira e “precária convencionalidade” ; o “tempo era igualmente criticado por essa instância mais alta em minha consciência lúcida: com benevolência e sem nenhuma angústia, eu sabia que o fato de estar vivendo aquele momento era irrelevante diante da evidência de que eu já tinha - ou teria - nascido, vivido e morrido - e também jamais existido -, embora a percepção do meu eu naquela situação fosse uma ilusão inevitável”.[12]

O artista santamarense continua inspiradamente a narrar a sua experiência - da qual recomendamos a leitura atenta, pois não é possível transcrevê-la toda aqui - e quem discursa é também o antigo estudante de filosofia da Universidade da Bahia: diante da representação da “idéia de Deus” diz não saber se teve “o súbito retraimento de quem aprendeu que a face do Criador não pode ser contemplada. ..” Surge então a dúvida no coração de quem vivenciava um extraordinário momento extático, e ao ser levado por Dedé para se olhar no espelho do banheiro, ver seu rosto “de sempre” após toda essa experiência… passou então a ter a certeza “de que estava louco”. Porém “esse eu que tinha tal certeza era como que indestrutível: esse não fica louco, não dorme, não morre, não se distrai”…

Quão bela experiência.. . vemos que foi revelada a Luz do Daime a este sensível poeta e compositor baiano e o merecimento de se ver como espírito, a vislumbrar a sua essência - que é Divina, como a de todos nós.

Inebriado do divino e maravilhoso que é Deus, brincando com as dúvidas filosóficas a la Rogério Duarte, futuro devoto hare krishna: “Eu não creio em Deus, mas eu vi!” ou ‘É óbvio que Deus não existe, mas a inexistência de Deus é apenas um dos aspectos de sua existência”… parodiando Nietzsche Caetano vai bradar para todo o Brasil: “Deus está solto!” sob as vaias da apresentação festivalesca do seu “É proibido proibir”.

Dessa vivência transcendental, Caetano reflete assim: “… por mais de um mês eu me senti vivendo como que um palmo acima de tudo o que existe. E por mais de um ano certos resquícios específicos se mantiveram. Na verdade, algo de essencial mudou em mim a partir daquela noite”.

“Quem é ateu e viu milagres como eu
Sabe que os deuses sem Deus
Não cessam de brotar, nem cansam de esperar
E o coração que é soberano e que é senhor
Não cabe na escravidão, não cabe no seu não
Não cabe em si de tanto sim
É pura dança e sexo e glória, e paira para além da história

Ojuobá ia lá e via
Ojuobahia
Xangô manda chamar Obatalá guia
Mamãe Oxum chora lagrimalegria
Pétalas de Iemanjá Iansã-Oiá ia
Ojuobá ia lá e via
Ojuobahia
Obá

Quem é ateu…”

(Milagres do Povo Caetano Veloso)[13]
(Ouçam o Vídeo Clip Milagres do povo - Daniel Mercury. Disponível em http://www.losacordes.com/videoclip/daniela-mercury/milagres-do-povo)

Voltando ao comecinho da nossa história… pois não é que o jornalista Carlos Marques retornou ao Acre após quase 40 anos? Ao final de uma audiência com o então governador Jorge Viana, este perguntou ao jornalista se ele já conhecia o Acre. Marques contou o que já narramos, e para sua surpresa o governador Jorge Viana mostrou ao jornalista o convite que recebera para participar dos festejos dos 50 anos de casamento do Mestre Raimundo Irineu Serra com a Madrinha Peregrina Gomes Serra, dignatária do Centro de Iluminação Cristã Luz Universal - CICLU Alto Santo, no dia seguinte, 15 de setembro de 2006. E convenceu o jornalista a permanecer mais um dia no Acre.

Marques reencontrou a Madrinha Peregrina Serra, viúva de Irineu Serra, a quem pediu desculpas pelo conteúdo ofensivo que sua reportagem ganhou na edição da revista Manchete, pois esta publicou então várias páginas com a reportagem, onde prevaleceu na edição a versão do bispo de que se tratava de uma seita diabólica. “Foi a primeira entre tantas a desagradar Irineu Serra e seus seguidores”.[14]

- Eu não podia revelar que havia encontrado Deus - disse Carlos Marques.

Na noite de 30 de abril de 2008, na sede do CICLU Alto Santo, foi realizado um evento oficial no qual a Fundação Elias Mansour do Estado do Acre, Fundação Garibaldi Brasil do município de Rio Branco e representantes dos centros que integram os três troncos fundadores das doutrinas ayahuasqueiras (Santo Daime, Barquinha e União do Vegetal), que solicitaram ao ministro Gilberto Gil, da Cultura, que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) instaure o processo de reconhecimento do uso da ayahuasca em rituais religiosos como patrimônio imaterial da cultura brasileira.

O evento foi prenhe de êxito e um marco histórico do universo ayahuasqueiro brasileiro. No discurso de encerramento desta função religiosa de 30 de abril de 2008, já sem a presença das autoridades constituídas (ministro, governador, secretários de estado e políticos em geral), o orador oficial do CICLU - Alto Santo lembrou da singela história do jornalista Carlos Marques, concluindo que (palavras minhas, registro de memória): o Mestre Irineu, sabedor do passado, presente e futuro do jornalista Carlos Marques, excepcionalmente presenteou o jornalista com uma garrafa de Daime para que este a fizesse chegar as mãos do cantor Gilberto Gil, que a tomasse e conhecesse, para que, passados quase 40 anos, viesse ao Alto Santo na condição de ministro de Estado interceder por tornar a ayahuasca patrimônio imaterial da cultura brasileira.




[1] As informações a seguir foram extraídas de MACHADO, Altino. 40 anos depois. Disponível em
http://altino. blogspot.com/2006/09/40-anos-depois.html
Acesso em 15 de Setembro de 2006.

[2] Discurso do jornalista Antonio Alves na sede do CICLU Alto Santo em 30 de maio de 2008.

[3] VELOSO, Caetano. Verdade tropical. São Paulo, Cia das Letras, 1997, p. 308.

[4] Ibidem, p.308.

[5] Ibidem, p. 308.

[6] Lucas 6:27.

[7] Dizem os antigos que esta era a recomendação do Mestre irineu.

[8] VELOSO,, 1997, p. 322.

[9] VELOSO, 1997, p. 324.

[10] Ouçam Se Eu Quiser Falar Com Deus - Elis Regina - Capela Disponível em http://br.youtube.com/watch?v=tWuQc7W0O-A
Acesso em 26 de maio de 2008.

[11] VELOSO, 1997, p. 324.

[12] Ibidem, p. 324.

[13] Ouça o Vídeo Clip Milagres do povo - Daniel Mercury. Disponível em http://www.losacordes.com/videoclip/daniela-mercury/milagres-do-povo Acesso em 26 de maio de 2008.

[14] MACHADO, Altino. 40 anos depois. Disponível em
http://altino.blogspot.com/2006/09/40-anos-depois.html

terça-feira, 6 de abril de 2010

Pesquisas científicas confirmam:chá Hoasca é inofensivo à saúde.

O chá Hoasca (Ayahuasca, "vinho da alma" em quéchua), que também chamamos de Vegetal, é resultado da decocção de duas plantas: um cipó, o Mariri (Banisteriopsis caapi) e as folhas de um arbusto, a Chacrona (Psychotria viridis), largamente utilizado há muitos séculos pelas comunidades amazônicas e povos andinos em rituais religiosos e de cura.
O Mestre Gabriel já afirmava nos primeiros documentos do Centro assinados por ele que o "Vegetal que chamamos de Hoasca" é "comprovadamente inofensivo à saúde", consciente de que a comunhão desse chá era benéfica à transformação da consciência humana, quando bem orientada.

Coerente com sua convicção, o Mestre da União, José Gabriel da Costa, recriou a União do Vegetal, onde comungamos o Vegetal para efeito de concentração mental, o que nos proporciona um estado ampliado de consciência capaz de ampliar a percepção do indivíduo sobre a sua natureza essencialmente espiritual.


A partir da década de 60, deu-se a expansão do uso ritualístico da Hoasca para além das fronteiras da Amazônia e a formação de diversas comunidades urbanas usuárias do chá, tanto na UDV quanto em outras entidades de cunho religioso.

Com isto, começaram a surgir questionamentos das autoridades públicas em relação ao uso do Vegetal em rituais religiosos até que, em 1985, o cipó Banisteriopsis caapi foi temporariamente incluído na lista de substâncias proscritas da Dimed, órgão do Ministério da Saúde.

Consciente da verdade contida nas palavras do Mestre e observando a necessidade de assegurar aos seus filiados o direito de uso do Vegetal em seus rituais religiosos, a Direção do Centro instituiu, em 1986, o Departamento Médico-científico - Demec, criado para atuar como um canal permanente de relacionamento da UDV com a comunidade acadêmica.

Ao longo dos últimos anos o Demec promoveu e apoiou diversas pesquisas científicas sobre os efeitos do uso continuado do chá Hoasca. Após mais de duas décadas de estudos e pesquisas, a palavra do Mestre vem sendo confirmada por autorizadas instituições acadêmicas brasileiras e internacionais.

Por iniciativa do Demec, foram realizados quatro congressos internacionais de saúde. A partir dos dois primeiros, em 1991 e 1993, nove centros universitários e instituições de pesquisa do Brasil, Estados Unidos e Finlândia conduziram, com financiamento da Botanical Dimensions (EUA), dez pesquisas que compõem o Projeto Hoasca.

A fase de campo (coleta de dados) foi realizada em Manaus (Amazonas) em junho de 1993, e abrangeu aspectos diversos, botânicos, fitoquímicos, toxicológicos, farmacocinéticos, neuroendócrinos, clínicos e psiquiátricos. Segundo o Dr. Charles Grob (UCLA), principal investigador do projeto, "foi um estudo intensivo e exaustivo jamais realizado dos aspectos médicos da Hoasca".

Nos dias atuais, o uso ritualístico do chá Hoasca é assegurado por lei no Brasil, onde se originou, e nos demais países onde a União do Vegetal mantém núcleos de associados que se reúnem regularmente em seus rituais religiosos, Estados Unidos e Espanha.

O Departamento Médico-científico da UDV é hoje um importante centro de referência no conhecimento científico do chá Hoasca e mantém permanente interlocução com o mundo acadêmico, assessorando a Direção do Centro na sua interlocução com as autoridades públicas da área de Saúde.

A União do Vegetal e a missão
espiritual do Mestre GabrielPesquisas científicas confirmam:
chá Hoasca é inofensivo à saúde.A boa causa da UDV, da origem
à vitória na Suprema Corte dos EUA.Seringal Novo Encanto: reserva na Amazônia aos cuidados da UDV.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

O Juiz Federal Jair Facundes fala sobre Ayahuasca e defende liberdade religiosa

... Jair Facundes iniciou sua palestra destacando a origem e o conceito da Ayahuasca. O magistrado falou sobre o uso ritual do chá, seu papel no fortalecimento da identidade cultural local e a relação do Daime com as outras tradições religiosas, como o cristianismo e o judaismo. Facundes ressaltou o papel dessa "religião da Amazonia" num mundo cada vez mais marcado pelo multiculturalismo. "Essa é a religião de quem foi colonizado pela civilização branca e cristã, mas se recusou a ter a religião do colonizador. O Daime é uma manifestação religiosa genuinamente nativa. Quem vive aqui tem o direito de não concordar e não gostar, mas precisa respeitar e conhecer melhor essa realidade".Divulgação:http://www.jusbrasil.com.br/noticias/1887623/jair-facundes-fala-sobre-ayahuasca-e-defende-liberdade-religiosa

INVENÇÕES SEM DEPÓSITOS DE PATENTES JUNTO AO INPI

Ayahuasca
Índios da Amazônia
Entre as inúmeras espécies pirateadas da flora brasileira, destaca-se o cipó caapi (banisteriopsis caapi), que ocorre essencialmente na região amazônica e é rico em substâncias alcalóides, sobretudo a harmina. Os ramos e folhas de B. caapi, associados à planta chacrona (Psychotria viridis) produzem a bebida alucinógena ayahuasca, sorvida ritualisticamente por populações da Amazônia e por membros de comunidades místicas

http://www.redetec.org.br/inventabrasil/aya.htm

Raimundo Irineu Sera trabalhava junto com índios do Acre, na fronteira com a Bolívia e Peru quando foi apresentado a uma bebiba conhecida como Ayahuasca, que pode ser traduzida como "vinho da alma". Na língua quechua aya significa espírito, ancestral, enquanto huasca significa vinho. A bebiba é um chá feito do cipó Banistereopsis Caapi e, geralmente, também com folhas de Psychotria Viridis (chacrona). O produto é usado desde épocas remotas por povos nativos da região, incluindo os Incas, não somente com efeitos medicinais mas como agente de iluminação espiritual em seus rituais religiosos. Os pajés utilizam a ayahuasca (que significa "cipó da alma") em cerimônias religiosas de cura, para diagnosticar e tratar doenças, para encontrar com espíritos e adivinhar o futuro.

Durante um retiro na floresta, Mestre Irineu, como mais tarde passou a ser chamado, recebeu visões da Virgem Maria na forma de uma rainha da Floresta, que lhe revelou a doutrina religiosa que estaria encarregado de difundir. Aos poucos Irineu reuniu adeptos que recitavam hinos ao plano astral e praticavam rituais de transe coletivo sob os efeitos da ayahuasca. A palavra Daime, que tornou-se o nome da doutrina, provém de um destes hinos: "dai-me força, dai-me amor, dai-me luz". A doutrina revelada a Irineu é uma mistura de elementos presentes nas antigas tradições indígenas, com uma profunda reverência a Mãe da natureza, especialmente a floresta, personificada como a Virgem Maria. Segundo Pablo Amaringo, seguidor da seita: "Cada árvore, cada planta tem um espírito. As pessoas poderão dizer que uma planta não tem espírito. Eu digo que cada planta é viva e consciente. Uma planta pode não falar, mas possui um espírito consciente, que tudo vê, que é a alma da planta, sua essência, o que a torna viva"

Preparada a partir do cipó-jagube e da folha chacrona, próprios da floresta equatorial, a ayahuasca induz estados alterados de percepção. A ingestão do líquido costuma provocar vômitos e diarréia, mesmo em usuários de longa data. De acordo com depoimentos dos adeptos, depois da 'limpeza do organismo' atinge-se um estágio chamado de miração. Segundo os daimistas, é quando se entra em contato com o Espírito Santo e tem início um processo de autoconhecimento e melhor compreensão do mundo. Nascida nos arredores da Basiléia, no Acre, na década de 20, foi adotada inicialmente por índios e caboclos, mas não ficou presa aos limites da floresta. Com o passar dos anos, migrou para as capitais nortistas, chegou aos grandes centros urbanos e se espalhou para o resto do mundo. Hoje, está presente em meios cultos e nas universidades.

O objeto mais antigo do uso da ayahuasca é uma taça cerimonial feita de pedra, com ornamentação gravada, encontrada na cultura Pastaza da Amazônia equatorial datando de 500ac a 50ad (museu Etnológico da Universidade Central em Quito, Equador). Isto mostra que o uso deste chá remonta cerca de pelo menos 2500 anos

Os principais compostos da ayahuasca tem uma estrutura comum que através de certos mecanismos que influenciam determinadas funções do sistema nervoso central. O fator relevante é a similaridade bioquímica destes compostos com a serotonina neurotransmissora (5-HT). Os alcalóides presentes na ayahuasca, principalmente a harmina e a tetrahidroharmina, inibem a enzima neuronal monoamine oxidase (MAO). Triptaminas (especificamente a n,n-dimetiltripamina = DMT) são derivadas das folhas da chacrona. Inibidores MAO são largamente utilizados na medicina ocidental como anti-depressivos.

A planta ayahuasca já rendeu uma patente (US 5751P concedida em 1986) em nome do empresário californiano Loren Miller, da International Plant Medicine Corporation dos EUA. Loren a chamou de "Da Vine". Consta na descrição da patente que a planta foi descoberta num quintal doméstico na Amazônia. O detentor da patente reivindicou que Da Vine representava uma nova e distinta variedade de B. caapi, principalmente por causa da cor da flor. Em março de 1999 a CIEL - Center for International Environmental Law, em nome da Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (COICA) e da Coalisão Amazônica (Amazon Coalition), depositou um pedido de reexame desta patente em nome de entidades vinculadas a defesa dos interesses de povos indígenes da Amazônia, alegando tratar-se da apropriação de uma planta sagrada para muitas comunidades e utilizada em suas cerimônias religiosas e de cura. Em novembro de 1999 o USPTO divulgou decisão rejeitando a patente, aceitando o argumento de que a matéria depositada não revelava uma variedade nova de planta. O argumento de Miller era de que a planta por ele depositada se distinguia da ayahuasca porque suas folhas eram inicialmente rosas e tornavam-se brancas com o envelhecimento da planta, argumento contestado pela CIEL que alega que a ayahuasca também possuía esta característica de descoloração.

Loren Miller contudo recorreu da decisão e conseguiu reverter o parecer inicial, alegando que em sua defesa teve dificuldade de ter acesso os especimes em questão porque muitos museus, segundo ele, sobre pressão da CIEL, recusavam-se a cooperar. Finalmente em janeiro de 2001 o USPTO decidiu-se pela manutenção da patente. Desta vez, o argumento de descoloração, fator principal usado no pedido de patente para justificar a novidade foi abandonado, alegando-se que as diferenças no formato e tamanho das folhas seriam suficientes para que ficasse caracterizada uma nova espécie. Por causa da data de arquivamento da patente, ela não foi coberta pelas novas regras de "inter partes re-examinação". CIEL ficava portanto, impossibilitado de contra-argumentar o detentor da patente, e a patente continuou em vigor. Como nos EUA a vigência da patente é de 17 anos contados da data de concessão, restariam apenas dois anos para extinção da patente, ademais o escopo da proteção é tão restrito para possuir qualquer significado econômico, uma vez que a proteção se extenderia a apenas um germoplasma, isto é, a especime original e as que dela fossem geradas. Ademais nenhum uso potencial da planta em medicina foi pleiteado na patente.

Povos Indígenas continuam protestando contra esta patente. BENKI ASHANINKA, representante do povo ASHANINKA levantou o assunto no workshop internacional "Cultivando Diversidade" em maio de 2002 em Rio Branco, Acre: "... isto mostra a falta de consciência e respeito para outras culturas" . Segundo o líder indígena Marcos Terena: "a ayahuasca é um exemplo de um patrimônio indígena da Amazônia peruana/brasileira que alguém, dos Estados Unidos, resolveu patentear com o selo dele. Isto não podemos mais admitir. Mas a gente não consegue fazer nada se não compartilhar essas preocupações com o meio científico. O meio científico é quem vai produzir esse tipo de material. Nós não temos capacidade para produzir uma pílula, uma injeção, mas o homem branco tem. baseado em que ? baseado na sabedoria indígena."

O uso da Ayahuasca vem se espalhando pelo mundo através do "Santo Daime" e da "União do Vegetal", religiões fundadas no século passado no Brasil. Até pouco tempo atrás, nos Estados Unidos, a bebida estava classificada como sustância ilegal, porque ela contém o alucinógeno dimethyltriptamin (DMT). Desde agosto 2002, a bebida está liberada nos EUA para o uso religioso. Desde então, o comércio do chamado "Caapi Vine" vem crescendo. O interessante nesse fato, é que já existem plantações com fins comerciais nos EUA e no Hawaii.

Fonte: http://www.ayahuasca.com/cgi-bin/index.pl
http://www.biopark.org/ayahuasca.html
acesso em janeiro de 2002
http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT384839-1664,00.html
acesso em outubro de 2002
http://www.amazonlink.org/biopirataria/ayahuasca.htm
acesso em março de 2003
Revista Panorama de Tecnologia, ano VIII, n. 19, março de 2002
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O CASO DA AYAHUASCA

Cipó da Alma
Desde inúmeras gerações, pajés da Amazônia ocidental vem utilizando a planta Banisteriopsis caapi para produzir uma bebida cerimonial chamada "ayahuasca". Os pajés utilizam a ayahuasca (que significa "cipó da alma") em cerimônias religiosas de cura, para diagnosticar e tratar doenças, para encontrar com espíritos e adivinhar o futuro.

"Da Vine" - descoberta de Loren Miller?
Um americano, Loren Miller obteve uma patente em junho 1986, que concede para ele os direitos sobre uma suposta variedade de B. caapi que havia chamado "Da Vine". Consta na descrição da patente que a planta foi descoberta num quintal doméstico na Amazônia. O detentor da patente reivindicou que Da Vine representava uma nova e distinta variedade de B. caapi, principalmente por causa da cor da flor.


1999 - patente anulada
A Coordenadoria das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (COICA) - uma organização que representa mais que 400 grupos indígenas - tomaram conhecimento da patente em 1994. Em seu nome, o Centro para Lei Internacional Ambiental (CIEL) entrou com um pedido de re-examinação da patente. CIEL argumentou que Da Vine não era nem novo nem distinto. Argumentaram também que a patente seria contrária aos aspectos públicos e de moralidade do Ato de Patente por causa da natureza sagrada de Banisteriopsis caapi na região Amazônica. Foram apresentadas extensas informações novas pela CIEL, e em novembro de 1999, o USPTO rejeitou a patente, admitindo que "Da Vine" não era distinto da planta utilizada pelos indígenas apresentada por CIEL e, portanto, a patente nunca deveria ter sido emitida.

2001 - patente reativada
Entretanto, o detentor da patente, reargumentou e convenceu o USPTO para inverter sua decisão e anunciar no início de 2001 que a patente permaneceria válida. Por causa da data de arquivamento da patente, ela não foi coberta pelas novas regras de "inter partes re-examinação". CIEL ficava portanto, impossibilitado de contra-argumentar o detentor da patente, e a patente continuou em vigor até seu vencimento em junho de 2003.

Protesto
Povos Indígenas continuam protestando contra esta patente. BENKI ASHANINKA, representante do povo ASHANINKA levantou o assunto no workshop internacional "Cultivando Diversidade" em maio de 2002 em Rio Branco, Acre, : " ...isto mostra a falta de consciência e respeito para outras culturas."

Comercialização nos Estados Unidos - Plantação no Hawaí
O uso da Ayahuasca vem se espalhando pelo mundo através do "Santo Daime" e da "União do Vegetal", religiões fundadas no século passado no Brasil.
Até pouco tempo atrás, nos Estados Unidos, a bebida estava classificada como sustância ilegal, porque ela contém o alucinógeno dimethyltriptamin (DMT). Desde agosto 2002, a bebida está liberada nos EUA para o uso religioso. Desde então, o comércio do chamado "Caapi Vine" vem crescendo. O interessante nesse fato, é que já existem plantações com fins comerciais nos EUA e no Hawaii.
(confira aqui um site para venda do Caapi Vine nos EUA)



Bibliografia:
Integrating Intellectual Property Rights and Development Policy.
Report of the Commission on Intellectual Property Rights.
Commission on Intellectual Property Rights. London 2002

PATENTE SOBRE "DA VINE" (AYAHUASCA) Registrado por Registrado
onde Data de publicação Titulo Numero
(Clique o numero para mais informação fornecida pela esp@cenet )
MILLER LOREN S (US) * Estados Unidos 17/06/1986 Banisteriopsis caapi (cv) 'Da Vine' US 5751P

*Não sabemos se, ou até que grau o termo biopirataria se aplica para cada um dos detentores de patentes e marcas aqui mencionados. Porém, consideramos questionável a pratica de patenteamento de plantas e cultivares tradicionalmente usadas pelas comunidades da Amazônia e o registro de seus nomes como marcas e convidamos os detentores destes direitos a se justificarem através de um comentário.
A Amazonlink.org por sua vez, não se responsabiliza por quaisquer erros ou omissões nas informações fornecidas nesse site.http://www.amazonlink.org/biopirataria/ayahuasca.htm

MATÉRIA

Um chá entre amigos

Por Fabio Bentes

Com um nome pitoresco e um discurso de “luz, paz e amor”, a União do Vegetal é uma comunidade fundamentada nos poderes místicos de um chá especial. A busca pelo sobrenatural e a propagação de ideais nobres se misturam a contradições e rituais de alucinação grupal

Na diversidade das religiões nos tempos atuais encontra-se de tudo, desde grandes grupos de religião monoteísta a seitas de caráter regional. Os princípios são os mais diversificados e as idéias se multiplicam. Neste contexto de crenças múltiplas... Divulgação http://www.icp.com.br/70materia3.asp

Notícias

A viagem - 21/03/2010
Autora de "Fumaça Negra", musicóloga Margaret de Wys diz que os médicos não acreditam que tenha se curado com hoasca; feito de cipó e arbusto, chá alucinógeno lança altas doses de serotonina no sistema nervoso central A hoasca confere status de realidade às experiências interiores hoasca Cerimônia conduzida pelo xamã Carlos no interior da floresta amazônica, no Equador - Divulgação http://www.silviapontes.com.br/2008/home.php