quarta-feira, 4 de maio de 2016

Kambô: a vacina extraída de um sapo e usada com sucesso por índios da Amazônia‏

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Kambô: a vacina extraída de um sapo e usada com sucesso por índios da Amazônia
O kambô é uma resina retirada de uma perereca que vive na Amazônia, a Phillomedusa bicolor. Essa resina contém peptídeos analgésicos e de fortalecimento do sistema imunológico que provocam a destruição de microrganismos patogênicos. E ela é usada como se fosse uma vacina por nativos da Amazônia.
A aplicação é realizada sobre a pele e transportada rapidamente para todo o corpo pelos vasos linfáticos. Os índios indicam a vacina para qualquer distúrbio e desequilíbrio, afirmam que purifica o sangue eliminando as impurezas, mas quem não tem nenhum sintoma usa o kambô para reforçar a imunidade.
Após a aplicação, é indescritível o estado de conscientização e clareza de pensamentos; a sensação de harmonia e de felicidade é visível; os sonhos, a percepção e a intuição melhoram; a autoestima retorna.
Diz a lenda que os índios da aldeia estavam muito doentes e de tudo havia feito o pajé para curá-los.
Todas as ervas medicinais que conhecia foram usadas, mas nenhuma livrara seu povo da agonia.
O pajé então se embrenhou na floresta e, sob os efeitos da Ayahuasca, recebeu a visita do grande Deus.
Este trazia nas mãos uma rã, da qual tirou uma secreção esbranquiçada e ensinou como deveria ser feita a aplicação dessa secreção nos enfermos.
Voltando à aldeia da tribo, e seguindo as orientações que havia recebido, o pajé pôde curar seus irmãos índios.
Ela recebeu dos índios catuquinas a denominação de kambô, também podendo ser chamada de kampum ou kempô dependendo da tribo indígena.
E é usada pelos indígenas para prevenir, curar ou afastar o “panema” – conhecido entre os índios e caboclos como preguiça, baixo-astral, má sorte (na caça, na pesca, na colheita ou na conquista amorosa).
O curandeiro guarda a secreção da perereca numa espátula de madeira gerando pequenas queimaduras na pele, com um pedaço de cipó (titica) em brasa, aplicando a secreção nas queimaduras.
O efeito da “vacina do sapo” – como é popularmente conhecida – é curto, porém muito forte.
Ocorre uma forte onda de calor, que sobe pelo corpo até a cabeça.
A dilatação dos vasos sanguíneos parece provocar uma circulação mais veloz do sangue, deixando o rosto vermelho.
Em seguida a pessoa fica pálida, a pressão baixa, podendo provocar náuseas, vômitos e/ou diarreia.
Esse processo dura cerca de 15/20 minutos, com uma sensação muito desagradável, mas aos poucos a pessoa retorna à normalidade.
Em seguida a pessoa se sente mais leve, como se tivesse feito uma boa limpeza, presenciando uma maior disposição.
Resultados surpreendentes
As pesquisas revelaram que a secreção da Phyllomedusa bicolor contém uma série de substâncias altamente eficazes, sendo as principais a dermorfina e a deltorfina, pertencentes ao grupo dos peptídeos. Esses dois peptídeos eram desconhecidos antes das pesquisas de Phyllomedusa bicolor. Dermorfina é um potente analgésico e deltorfina pode ser aplicada no tratamento da Isquemia (um tipo de falta de circulação sanguínea e de falta de oxigênio que pode causar derrames). A secreção do kambô também possui substâncias com propriedades antibióticas e de fortalecimento do sistema imunológico.

Ayahuasca melhora depressão em estudos brasileiros

Ayahuasca melhora depressão em estudos brasileiros
GABRIEL ALVES
DE SÃO PAULO

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"Tome 150 ml desse chá de folhas chacrona com cipó-mariri uma vez por mês e volte daqui seis meses para avaliação", poderá dizer um médico para seu paciente depressivo no futuro.
Pesquisas desenvolvidas por cientistas da USP de Ribeirão Preto mostram que a bebida ritualística (única maneira de consumo legal no Brasil) conhecida como ayahuasca ou daime tem propriedades antidepressivas e é capaz de agir rapidamente, em poucas horas. Os efeitos duram por pelo menos três semanas.
William Mur/Editoria de Arte/Folhapress
Ayahuasca para tratamento da depressão
Segundo o psiquiatra Jaime Hallak, que lidera os estudos, a ayahuasca tem potencial a ser explorado.
Um estudo publicado em 2014 na "Revista Brasileira de Psiquiatria" que ganhou repercussão internacional mostrou que após a ingestão de um copo (entre 120 e 200 ml, de acordo com o peso da pessoa) do chá, os sintomas de depressão foram reduzidos em média 80%, avaliados com questionários preenchidos pelos pesquisadores.
Hallak diz que os pacientes não foram orientados ou influenciados durante as alucinações produzidas nas primeiras horas após a ingestão.
Em um novo estudo do grupo, ainda não publicado, os cientistas mostram que a ayahuasca age na mesma área do cérebro que os antidepressivos: na região límbica.
O próximo passo, já em andamento, é a realização de um estudo com voluntários divididos aleatoriamente em grupos, sem que ninguém sabe exatamente o que está tomando, para garantir que não é a expectativa de estar tomando a ayahuasca que está causando o efeito.
Para a psiquiatra Ana Cecília Marques, presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas, é preciso ter cuidado com a novidade. O perigo seria o uso da droga fora dos rituais ou do contexto de pesquisa.
"Como não é um antidepressivo tradicional, ainda não sabemos se as substâncias que compõe o chá causam dependência, o que poderia ser um risco bem sério para se assumir. É como os estudos com THC [substância psicoativa da maconha]: todo cuidado é pouco, mas para isso temos a ciência."
Outros estudos já mostraram que a ayahuasca também consegue atenuar sintomas de ansiedade.
Hallak conta à Folha que, com todo esse potencial farmacológico a ser explorado, já existem farmacêuticas interessadas em achar uma formulação na qual os princípios ativos da bebida pudessem ser administrados com mais segurança e menos efeitos colaterais.
Um dos problemas é que a bebida é "suja" e não contem somente os princípios-ativos DMT e THH (veja infográfico).
"Claro que há contaminantes, que podem ser responsáveis pelos efeitos colaterais". Em média 50% das pessoas que bebem o daime têm náuseas e/ou vomitam.

A RELIGIÃO E O CHÁ DE AYAHUASCA